sexta-feira, 28 de março de 2008

Suicidio espiritual

Como que lidamos com a dor de um não?
E se tudo o que queríamos for jogado na nossa cara, negado e então destruído para sempre? Se isso acontecesse contigo... Você ainda seria o mesmo?
O propósito da pergunta é saber: o que você crê, o que você ama, o que você veste, o que você pensa depende, necessariamente, do resultado dessas coisas, de uma maneira prática?
Se te disserem que seu chamado não é missões, ainda assim você irá para África?
Se aquela menina lhe for negada, você ainda assim continuará apaixonado?
Se você for demitido, chegará a conclusão que não servia para aquele emprego?
E se tudo o que você entende por certeza da manifestação de Deus em sua vida for embora? Sua igreja, suas profundas devocionais, seu vigor atlético em lutar contra o pecado, sua incrível habilidade em pastorear vidas... Se tudo isso for pelo ralo, de uma hora para outra? Você entregará os pontos, deixando de crer nEle?
E o que acontecerá se a verdade sobre seu caráter for revelada? Se você descobrir que não é tão fiel quanto pensava, que não consegue amar tão incondicionalmente ou então manifestar tanta espiritualidade? Você irá desistir de sí mesmo?
Suicidio espiritual. Que prática mais patética.
Eu olho para alguns cristãos, desacreditados. Eles são tristes porque não conseguem ser ungidos como o David Quinlan, ou ter ministérios grandes como o Hillsong United. Eles tentam ser tão proféticos como o Judson, e tão sábios como Ricardo Gondim, mas acabam descobrindo que não conseguem. E desistem. Eu vejo pedidos de clamor por isso e aquilo, e se negados, os meninos, birrados, choram. Jogam seus brinquedos no rosto de seu Pai, dizendo como ele é "mau".
Eu vejo Pedro, desanimado, lançar a rede ao mar. O homem que era para ser a rocha da igreja, de volta ao trabalho de um pescador ordinário. Com palavras de auto-censura, se suicidara: "Quem mandou negar o Mestre? Toda sua chance está acabada. Admita, Pedro. Deve ter alguém bem melhor que você para esse trabalho". E ele voltou, por um momento, a ser mais um daqueles pescadores, um ponto distante e perdido no vasto Jordão, com uma rede vazia e um coração em frangalhos. Porém, um encontro com o amor que não censura mudaria tudo; Ele chegaria de manso, como da primeira vez que o fizera, e ordenaria a ilógica tarefa de tentar denovo.
Pedro reconheceu seu Senhor, e obedeceu, enchendo a rede de peixes, antes de dar braçadas, nu, de volta ao seu Salvador na orla do rio. Jesus ressucitara "Talita", Lázaro, e agora Pedro. O medo e a descrença foram embora com apenas uma palavra da Palavra Eterna: Tente, dessa vez, do outro lado. E a vida brotou da morte para a fé.
A maior discussão bíblica se seguiria, numa completa manifestação de aceitação e amor profundo:
Jo 21: 15-17
Amigo, rejeite a morte. Principalmente aquela que é auto-aplicada. Ninguém te chamou nesse jogo pra ganhar; você já é mais que vencedor. Se apegue na vida pela fé, que é o que verdadeiramente agrada a Deus.

Peço perdão a todos aqueles a quem amo e já ofendi. E em nome de Jesus, estaremos juntos na glória. Na real? Nada importa muito, quando pensamos assim.

sábado, 22 de março de 2008

sugestão: Leeland - Opposite Way

Num momento em que todos os ministérios de louvor jovem que conhecemos copia o som do Hillsong United, clamando ser, com isso, ao mesmo tempo descolados e diferentes, fica difícil encontrar algo que não possua a mesma cadência de repercussão e solos de guitarra desse ministério australiano, com letras como "vamos impactar o mundo" ou "Jesus é um cara legal".
Com o Leeland não é bem assim. Eu gosto, e espero que vocês também gostem. Abaixo estou disponibilizando o link para download do novo CD deles, Opposite Way (Lado Oposto). Dou destaque especial para as músicas: "Brighter Days", "May Our Praise" e a música de trabalho, "Count me in" (assista o clipe oficial no you tube clicando aqui) .

Divirtam-se, crianças.

Download

sexta-feira, 21 de março de 2008

A parábola do cercadinho

Era uma vez um pastor. Ele sabia que era pastor, porque amava as ovelhas. Amava passar noites inteiras sob o orvalho cuidando daqueles humildes seres felpudos; arrebanhava todas com seu cajado e as chamava, cada uma, pelo nome. Mas nunca havia exercido sua profissão, a não ser como aprendiz.
Então, um dia, seu mestre disse: Chegou a hora, você irá pastorear. Pegue todas as ovelhas perdidas que achar no caminho: as sujas, as feridas, as cegas e velhas também. Abrace a essas todas, e traga-as juntas para os pastos verdejantes onde possam correr e se alimentar, e para as águas tranquilas, onde suas lãs enxarcadas não afundem, e as façam ser arrastadas pela correnteza rápida. Cuidado com os animais ferozes. Enquanto você estiver por perto, eles não atacarão. Mas se você descuidar das vidas sobre as quais você é responsável, de certo elas serão destruídas. Vá agora, e bote em prática tudo o que aprendeu comigo!
O pastor saiu então pelas terras selvagens de seu país natal, acolhendo todos animais perdidos que achava pelo caminho. Mesmo os mal-cheirosos, os irritadiços e medrosos. Procurou em cada vale, abismo e elevação íngreme; vasculhou cada monte, planície e bosque, e aos poucos juntou para sí um grande rebanho, que o seguia alegremente por onde quer que fosse. Foi quando ele pensou: Genial! Eu tenho um rebanho ainda maior que o de meu mestre! Isso quer dizer que eu já aprendi tudo o que tinha que aprender nesse meu período de treinamento, e me provei, realmente, um grande pastor! Nada mais pode me surpreender!
O pastor, então, construiu para seu rebanho um grande cercadinho para que suas numerosas ovelhas não se perdessem. Afinal, seu maior orgulho era a quantidade de seus animais, agora cheirosos, limpos e alegres, que ele mesmo havia conseguido colecionar em suas andanças. Começou a alimentá-las com uma ração preparada e industrializada, e elas começaram a engordar. Vinham pessoas de todo o mundo visitar aquele aprisco, e se admiravam como as ovelhas pareciam saudáveis, alegres e gordas.
- É uma maravilha! - Diziam - Uma nova forma de administração de apriscos, sem dúvida alguma!
Outros pastores, gananciosos e invejosos, começaram a construir para sí mesmos seus próprios cercadinhos, assim como o primeiro pastor de nossa história. Como não gostavam de sair para recolher ovelhas perdidas e sujas, afirmando que animais nesse porte costumam dar muito trabalho, começaram a negociar as ovelhas já limpas e saudáveis de outros apriscos. Alguns chegavam na calada da noite e roubavam o maior número possível de ovelhas, enquanto que o pastor descansava sobre sua cama confortável na sede administrativa do aprisco das ovelhas saudáveis.
A invenção do cercadinho, apesar disso, foi um grande sucesso. Todos os pastores começaram a enriquecer horrores, e as ovelhas, agora presas e confinadas, não estariam mais a mercê de sua própria burrice, arriscadas a cair em buracos no meio do caminho, quebrando patas, se ferindo ou até morrendo afogadas. Era um plano aparentemente perfeito! Se elas sentissem fome, seriam alimentadas com ração. Caso estivessem com sede, beberiam daquele colcho comunitário, como toda boa ovelha. Todas juntas, sem distinção, sem originalidade. Mais do que se fosse uma irmandade, seria mesmo uma grande massa! Um grande conjunto de ovelhas sendo tratadas como se fossem apenas uma. Isso, sem dúvida, poupava o trabalho dos pastores, que agora se ocupavam com tarefas muito mais administrativas. Se perguntados, eles diriam: Tudo o que faço, faço pelo bem de minhas ovelhas. Você vê? Elas não estão bem? Então tudo está bem, e nada poderia ser melhor.
Mas numa certa noite silenciosa, um lobo faminto se aproximou dos apriscos. Os pastores dormiam a sono pesado em suas camas, murmurando palavras de satisfação, e não ouviram o animal saltar o cercadinho e despedaçar todas as belas ovelhas confinadas. Como elas não podiam pular para fora como a fera fizera (e mesmo que pudessem, não o fariam porque estavam muito gordas), suas entranhas e restos mortais acabaram espalhados sobre a relva verde. Os corvos atacaram as que restavam feridas, e no fim, poucas sobreviveram.
O dia nasceu sem promessas para o frustado pastor, que chorou amargamente.
Enquanto isso, seu Mestre cruzava lentamente um vale, com suas ovelhas, longe do local do perigo. O lobo sabia que seria loucura ousar contra um homem tão forte, tão sábio e com tanto amor por aqueles animais; mesmo que não fossem tão bonitos, limpos e gordos como eram as ovelhas do cercadinho. Elas, em contra partida, eram alegres por serem livres. Poderiam não comer aquela ração gordurosa e ser em tanto número como as outras, mas elas sabiam que podiam confiar no Verdadeiro Pastor. Algumas se machucavam, caíam e feriam suas patas, é verdade, mas sempre puderam ver naquele Homem alguém que daria sua própria vida por qualquer uma delas. Mesmo sem nunca terem sido muito obedientes, limpas ou inteligentes.
E essas nunca foram destruídas por fera alguma.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Auto-definição

Ele disse: Sou o caminho, a verdade e a vida.
Como um Deus se auto-definiria, diante de criaturas carnais e pecadoras, limitadas de entendimento espiritual? A Bondade Eterna já havia usado parábolas, provérbios, textos, contextos e comparações, numa demonstração infinitamente superior de paciência do que um simples mestre com seu jovem aprendiz, ao ensinar acerca do Reino de seu Pai. Tratava-se realmente da essência do Eterno diante de deslumbradas criações limitadas. Consigo imaginar os olhos brilhando (como estariam os meus) e as bocas abertas, tentando entender o que a mente milenar de Deus os dizia, em primeira mão.

Ele disse: Sou caminho, pois é por mim que vocês devem andar. Não existe, fora de mim, cristianismo, e enquanto que vocês andarem centrados na minha pessoa, e não em seus ministérios, habilidades, amigos, líderes, famílias, mentalidade, personalidade, expectativas, "propósitos", segurança, prazeres e poder; tudo estará bem. Eu sou o centro, eu sou a força. Eu sou o começo de suas passadas, e o fim delas. Eu sou a visão, a paisagem que os deslumbra. Eu sou a pedra que necessitam escalar. Meu é o vale de sombras e o monte escarpado. Minhas são as sombras ao meio-dia e a lua a clarear as trevas. É por mim que andam, é em mim que andam, e é até mim que andam. Enquanto vocês se lembrarem disso, tudo estará bem.

Ele disse: Sou a verdade, pois ao contrário dos homens que são relativos e incoerentes, permaneço real mesmo diante de qualquer prova matemática ou de fogo. Sou a verdade, pois não há revelação no mundo que não venha de mim, e para mim. Sou a verdade, pois tudo conspira para minha apresentação não-formal como o Salvador dessa humanidade quebrada. Sou a verdade, pois minhas Palavras não mentem. Meu amor é real, meu perdão é real, minha santidade real e minha justiça também verdadeira. Enquanto que o mundo caminha aos impulsos e empurrões para as trevas densas e profundas, brilho com a Luz Eterna, mostrando o que sempre fora óbvio: Por mim, e só por mim, vocês podem conhecer quem são, de onde vieram e para onde irão, caso em mim crerem. Enquanto vocês se lembrarem disso, tudo estará bem.

Ele disse: Sou a vida. Sou o suspiro do feto ainda não nascido, a brisa das orquídeas numa manhã de primavera. Sou a seiva que ergue o alto cedro, a polpa da tenra maçã e o chilrear dos passarinhos da alvorada. Sou o ar que enche teu peito, o motivo de teu deslumbre diante de um arco-íris. Sou a paixão, a alegira, a febre ardente por viver e conhecer esse mundo colorido e repleto de delícias que fiz ao homem. Sou a esperança, sou o riso da criança, o sorriso do velho, o orgulho dos de meia-idade.
Sou a vida em vocês! Aquilo que procuram os que se perdem, e que encontram os que se entregam. Sou a voz que clama pelo sangue derramado, pela dor das mães abortivas, bombas e guerras, pestes e ganâncias. Sou eu que clamo por justiça aos pequeninos, aos carentes, ao necessitados e excluídos do sistema da morte que vocês e o deus desse século construiram tão bem.
Sou a vida! A poderosa vida que não se deixa destruir na cruz! A essência disso tudo que se chama doutrina. Sou aquele que preserva tua vida ao dormir, para acordar. Sou eu que sustento o equilíbrio da Terra, sou eu que mantenho teu músculo cardíaco a bater compassadamente. Sou a graça, de graça.
Sou o respirar, o bater, o sussurrar. Sou o tic-tac do tempo, o clic-clac das juntas, o tum-tum do coração. Sou tua razão e emoção. Sou o centro de teus seres , e enquanto vocês se lembrarem disso, tudo estará bem.

Mas eu acho que temos esquecido... Vivemos desnorteados, como sem caminho. Confusos, como sem revelação nem verdade. Mortos, como se nunca tivéssemos vivido.
O evangelho, amigos, é um brilhante e criativo modo de nos libertarmos de nós mesmos, dos outros e de nossos próprios medos.
Ouso desafiar: Cristãos, convertam-se ao "Jesuísmo"! Existe muito mais vida para se viver fora de nossos rótulos!

E venha Jesus, reine sobre nós!

sábado, 15 de março de 2008

Mente de Cristo?

Quem possui a mente de Cristo? E quem pode compreendê-la?
Mistério mesmo é a santidade do Eterno refletida em imperfeição num caráter quebrado como o meu.
Mistério mesmo é compreender um amor que nunca acaba, uma esperança que nunca morre, uma bondade que simplesmente não tem fim.
Mistério mesmo é ver o mundo consumido pelo fogo da ganância, o mal triunfando sobre nossos lares, entrando pela televisão, seduzindo nossas crianças e vomitando sobre nossos banquetes o veneno da morte eterna, e ainda assim o bem proposto pelo evangelho ser inegociável.
Mistério mesmo é ver o mundo sucumbir, e ainda sonhar firmemente com uma nova Terra. Se agarrar em promessas invisíveis feitas por aquEle que é invisível. Se doar por aqueles que retêm, perdoar aos que matam, entregar o que se ajunta, morrer para que vivam os que morrem e saltar de peito aberto no oceano sem botes salva-vidas.
Mistério mesmo é seguir um líder auto-sacrificial, que propõe o mesmo. É entrar numa catedral de trevas segurando um fósforo de fé trêmula. É ousar contra um batalhão de milhares com uma pedra na mão. É coxear numa maratona dos melhores do mundo. É colher uvas no meio de ruínas, comprar sem dinheiro, bradar alto ao céu de tempestade que se abra para que brilhe o Sol.
Mistério é esbofetear o mal do mundo com a pelica do amor. Ousar intentar contra o inventor da alquimia, hipnose, genocído e feitiços, magias e rituais de sacrifício, pestes e abominações.
Mistério é encarar a verdade e aceitar enlouquecer para que a sabedoria seja destruída.
Mistério é com um graveto partir um mar de imundície, engolir os servos dos demônios, do chacal, Anúbis (maldito deus de morte), com a singela arma da fé. Mistério é esperar pra ver o deus desse mundo chafurdar na terra feito animal por não ter dado glória ao Deus Eterno.

Existe um caminho nesse mundo tenebroso, amigos. Aguentem firme e sigam o Sino. Ele soa com as boas novas, e dita o rumo do Sol do Novo Dia que se levantará no fim de tudo. Ergam a cabeça rumo à torre sobre a Rocha, onde brilha um Farol Eterno. Lá vocês podem encontar abrigo das ondas que castigam nossas encostas e dos ventos de tempestade que nos derrubam ao caminho. Subam na arca, todos que ouvem essas palavras! E não temam!
NÃO TEMAM!